Com as intensas transformações do ambiente de negócios nos últimos anos, as empresas brasileiras estão passando por um fortalecimento de sua gestão de riscos, apesar de ainda haver desafios. A conclusão é da pesquisa “Cinco Pilares de Riscos Empresariais 2022”, elaborada pela Deloitte. O levantamento ouviu 130 empresas, entre agosto e outubro de 2021.
A pesquisa mapeou os cinco pilares de riscos enfrentados pelas empresas e constatou que mais da metade delas têm indicadores de riscos financeiros (57%), enquanto 48% têm indicadores de riscos operacionais, 45% de riscos regulatórios, 44% de riscos estratégicos e 41% de riscos cibernéticos.
Assim, de acordo com a especialista em Accounting & Internal Controls, Camila Boretti, é comum que riscos financeiros e operacionais sejam mais endereçados porque são áreas em que as empresas tiveram maior amadurecimento no passado. Mas elas estão começando a ampliar o foco de suas estratégias de gestão de riscos. Hoje, as empresas percebem fatores externos, sobre os quais elas não têm controle e que podem ter grande impacto nos negócios. É onde surge a preocupação com as mudanças climáticas, a agenda ESG [sigla que se refere a aspectos ambientais, sociais e de governança das empresas], as novas cadeias de fornecimento e as novas tecnologias.
Avanços e desafios
Também segundo a pesquisa, a estruturação de áreas e funções para a gestão de riscos teve avanços, mas as empresas ainda enfrentam desafios na formalização e na integração dos processos. A maioria das empresas afirmou ter áreas de auditoria externa (89%), segurança da informação (82%), auditoria interna (75%), riscos (72%) e compliance (71%). Mas os números são mais baixos quando o assunto é a integração das práticas relacionadas à gestão de riscos: 57% das organizações adotam metodologia Enterprise Risk Management (gerenciamento de riscos corporativos) integrada; 54% têm critério unificado na classificação de impacto de riscos; e 53% adotam um dicionário unificado de riscos.
A pesquisa ainda traz dados sobre o uso de tecnologia nos processos de gestão de riscos das empresas: apenas 26% consideram avançada a adoção tecnológica de sua organização para a gestão de riscos, mas 54% têm área de desenvolvimento de novas tecnologias para a empresa como um todo, o que sugere uma oportunidade para que as empresas implementam mais soluções tecnológicas.
Já, apesar dos avanços, poucas empresas ouvidas na pesquisa se classificam como tendo um alto grau de maturidade da função de riscos: apenas 9% se posicionaram no nível “otimizado”, o mais alto. As restantes se classificaram nos níveis “consolidado” (25%), “definido” (25%), “fragmentado” (29%) e “inicial” (12%), sendo esse último o nível mais baixo.
Os principais desafios na implantação de um processo eficaz de gestão de riscos segundo as empresas são a cultura da organização (apontado por 66% das participantes) e a falta de prioridade da administração (45%). Segundo Alex Borges, é imprescindível que a gestão de riscos faça parte da cultura da empresa e de sua estratégia de negócios.
Gestão de crises
A pesquisa mostrou que as empresas tomam medidas para mitigar riscos, como a definição de papéis e responsabilidades (81%), o monitoramento contínuo de potenciais cenários de crise (63%) e o uso de métodos, controles e planos de gestão de crises (54%). No entanto, algumas práticas são adotadas por poucas empresas: processos para minimizar cenários de crises (28%), treinamento da alta administração sobre respostas a cenários de crises (26%) e comunicação mensal sobre continuidade de negócios e gestão de crises (25%).
Fonte: Portal Terra/Economia