A Corporate Governance é a combinação de processos e estruturas implementados pelo órgão de gestão para informar, dirigir, gerir e monitorizar as atividades da organização na prossecução dos seus objetivos e em última instância visa promover a confiança dos stakeholders da Organização. Não obstante de residir nos órgãos de gestão a responsabilidade pelo desenho, implementação e adequação da Corporate Governance, cabe à função de Auditoria Interna, enquanto terceira linha de defesa, o papel fundamental da avaliação do Governo Interno, promovendo o seu bom funcionamento e pronunciando-se sobre as diferentes estruturas organizacionais e as suas linhas de responsabilidade, os processos de identificação, gestão, monitorização e reporte de todos os riscos a que estão ou possam vir a estar expostas, bem como o ambiente de controlo interno envolvente.
Nos últimos anos os issues resultantes de condutas e práticas desadequadas de governo interno têm sido amplamente debatidos entre os diferentes agentes no mercado, existindo inclusive várias situações cobertura mediática com fortes implicações reputacionais. A crescente conscientização da relevância do tema para o robustecimento, transparência e conduta de negócio, como elemento basilar à concretização dos objetivos estratégicos, tem se traduzido na consecutiva publicação pelos Supervisores de regulamentação relativa ao governo interno, sendo as mais recentes as orientações da Autoridade Bancária Europeia (EBA/GL/2021/05 de 2 de julho de 2021) e os requisitos do Banco de Portugal em matérias relacionadas com os sistemas de governo e controlo interno (Aviso n.º 3/2020, de 15 de julho de 2020).
A forma como as organizações definem e implementam os princípios de governo interno pode variar em função da dimensão, complexidade e estágio de maturidade de cada entidade, bem como da estrutura acionista, contexto legal e cultural, devendo por isso respeitar o princípio da proporcionalidade. Como resposta, tem se assistido a uma abordagem de auditoria holística e multidimensional, com um maior foco e investimento em auditorias direcionadas aos pilares da Corporate Governance, mas também a uma gradual cobertura no plano de auditoria a temáticas críticas na aplicação dos bons princípios de governo corporativo, nomeadamente ESG (Environmental, Social and Governance), gestão de risco, partes relacionadas, anti-fraude, compliance e reporting, qualidade, segurança de informação, gestão de recursos, etc.
Numa realidade dinâmica e complexa à escala global, em que as Organizações estão sujeitas a um desafio permanente de gestão da rentabilidade, transformação e inovação do negócio, gestão de risco, adequação face a requisitos regulamentares, gestão de talento e de expectativas dos diversos stakeholders, é por isso crucial e imperativo que a Auditoria Interna seja vigilante e se pronuncie sobre a adequação da Corporate.
Fonte: Portal Jornal Económico